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Projeto visa conservar recursos hídricos plantando agroflorestas em Ubatuba

Sistemas priorizam plantio de árvores frutíferas nativas da Mata Atlântica

Anualmente, o Comitê de Bacias Hidrográficas do Litoral Norte (CBH-LN) indica ao Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO) projetos a serem financiados visando a conservação, proteção e recuperação das bacias hidrográficas da região. Entre os programas e ações financiáveis pelo FEHIDRO, estão as soluções baseadas na natureza, que abrangem implantação de projetos executivos e serviços para fortalecimento da agroecologia. Um exemplo de projeto financiado pelo FEHIDRO que aborda esse tema é o Semeando Agroflorestas, executado pelo Instituto de Projetos e Pesquisas Socioambientais (IPESA) em Ubatuba.

O projeto foi selecionado no pleito de 2021 do edital FEHIDRO, iniciou as atividades em 2023 e segue em andamento. Entre as ações já realizadas estão: instalação de viveiro de produção de mudas na aldeia Renascer, no bairro Corcovado; 2 oficinas abertas ao público e 2 em escolas; planejamento, implantação e manutenção de 8 hectares de Sistemas Agroflorestais (a meta é chegar a 9 hectares).

“Trabalhamos a restauração com sistema agroflorestal como forma de promover a produção nas áreas de floresta. Buscamos viabilizar a produção agrícola mantendo a viabilidade ambiental da área, fazendo um manejo do solo que contribui para a conservação das águas”, explica Jussara Santos, engenheira florestal da equipe do IPESA e coordenadora do projeto Semeando Agroflorestas.

Os sistemas atendem à legislação vigente (Resolução SMA nº 32/2014). No final de 10 anos, a área deve possuir diversidade de, no mínimo, 10 a 20 espécies nativas. “Estamos priorizando as frutíferas nativas, como juçara, grumixama, uvaia, cambucá, cambuci, cabeludinha e pitanga. Mas também introduzimos espécies exóticas mais adaptadas, como banana e cacau”, exemplifica Santos. 

Os polígonos das áreas restauradas serão cadastrados no Sistema de Apoio à Restauração Ecológica (SARE), com o compromisso de manter as áreas em sistema agroflorestal de forma definitiva. A restauração de áreas degradadas já foi implementada no sertão de Ubatumirim e no bairro Bela Vista, com sistemas agroflorestais planejados considerando o perfil de cada local. Em breve, também será contemplada pelo projeto uma área no quilombo da Caçandoca.

Morador do quilombo, Adalton Máximo da Fonseca considera o projeto muito importante para a comunidade, que terá uma área de recuperação ambiental com potencial para integração com outras atividades que ocorrem no território, como a escola municipal, o curso da UFABC de Licenciatura em Educação do Campo, pesquisas sobre cultura alimentar e turismo de base comunitária. 

“A Associação da Comunidade dos Remanescentes do Quilombo da Caçandoca montou um grupo de trabalho chamado Centro de Pesquisa Semente Quilombola para tratar dos assuntos do projeto. Escolhemos uma área de morro, próxima à parte mais turística do território e que está muito degradada, que pode se transformar num ponto de visitação para abordar o processo de recuperação e, no futuro, termos produção de alimentos ali”, disse Fonseca.

Projeto EcoEducAção Almada promove educação ambiental e gestão sustentável de resíduos sólidos na comunidade

A iniciativa que será executada durante todo ano de 2025 faz parte das ações de um edital proposto pela AMA e ACIA. Foto: Vanessa Cancian.

A Associação de Moradores da Almada (AMA) e a Associação Cunhambebe (ACIA), anunciam o lançamento do Projeto EcoEducAção Almada, uma iniciativa inovadora voltada para a educação ambiental crítica e a gestão sustentável de resíduos sólidos. Contemplado pelo edital do FEHIDRO (Fundo Estadual de Recursos Hídricos) por meio do contrato 161/2024, o projeto tem como objetivo transformar a relação da comunidade com os resíduos, promovendo práticas conscientes, sustentáveis e responsáveis.

Com atividades diversificadas, como oficinas para crianças, jovens e adultos, rodas de conversa, intercâmbios, visitas domiciliares e a implantação de composteiras, o EcoEducAção Almada busca engajar moradores e organizações locais em ações que incentivem o pensamento crítico, o consumo consciente e a separação adequada dos resíduos sólidos. Além disso, serão distribuídos kits ecológicos e lixeiras para fortalecer a cultura da reciclagem e da destinação correta dos resíduos.

“Quando pensamos neste projeto, nossa ideia é ressignificar, dentro de cada um de nós, o que entendemos por lixo. Queremos provocar reflexões que nos tirem da zona de conforto e nos impulsionam a agir com consciência: consumir de forma responsável, assumir a corresponsabilidade e cobrar atitudes dos responsáveis. Nosso objetivo é contribuir para que a Almada seja um modelo de gestão de resíduos sólidos responsável, sustentável e socioambientalmente correto”, compartilha Flavia Navarro, coordenadora do projeto.

“A Almada é um bairro com muitos turistas, e agora com esse projeto, podemos melhorar a questão do lixo na nossa comunidade”, alerta Russo, Jaime Florindo de Souza, presidente da Associação de Moradores da Almada (AMA). Ele, que é liderança na comunidade, pontua que o lixo atrapalha todo mundo, tanto moradores quanto os visitantes que chegam de outros lugares, por isso é preciso cuidar. “Eu acredito que é importante trabalhar com o lixo de forma adequada, cuidando do que é da gente”, finaliza.

O projeto além de beneficiar a comunidade local e os visitantes, também contribui para a sustentabilidade do município e do meio ambiente. Além disso, a iniciativa conta com a participação ativa de moradores, associações comunitárias, poder público e demais interessados, criando um espaço de diálogo e colaboração para a gestão compartilhada dos resíduos sólidos.

Escola e comunidade juntas em ação

Uma das frentes principais de atuação do EcoEducAção é promover atividades em parceria com as escolas da região Norte de Ubatuba. “Atividades de educação ambiental em contexto escolar são extremamente importantes diante da realidade vivida por estudantes de escolas inseridas em comunidades tradicionais: de um lado, crianças que convivem com recursos naturais preservados, nadam em rios e mares, usufruem de uma infância desejada, por outro lado, o consumo e o estilo de vida das grandes cidades aparecem como atraentes, estimulando novas formas de ser e estar no mundo”, compartilha Edi Reis, coordenadora pedagógica do projeto.

Segundo ela, a iniciativa irá trabalhar sempre em busca de dialogar sobre as diversas realidades, buscando promover a valorização do modo de vida das comunidades, o questionamento a respeito da necessidade de se consumir ou não e também o fazer com os resíduos e, com a participação das crianças nesse percurso torna-se ainda mais possível reduzir os impactos ambientais.

Trabalho em parceria com quem recicla em Ubatuba

“Acreditamos na força das redes, das parcerias, e por isso trabalhamos com iniciativas que também atuam nessa causa, para fortalecer o impacto das ações e contribuir para a construção de soluções mais integradas e conectadas. No EcoEducAção Almada, firmamos parcerias com a Coco & Cia, que é a cooperativa de catadores de recicláveis de Ubatuba e também com o Instituto Árvore junto à Nutre Terra”, que pesquisa e atua sobre compostagem, comenta Gabriela Franco, integrante da equipe do projeto, como técnica de gestão de resíduos sólidos úmidos. Ela evidencia que essas conexões fortalecem a iniciativa porque promovem trocas de saberes, ampliam a rede de atuação e fazem com que as ações se tornem mais eficazes e enraizadas no território.

Saiba mais sobre a AMA

Associação de Moradores da Almada – AMA têm grande preocupação com a questão cultural e ambiental e, voluntariamente, desenvolve ações voltadas para organização, manutenção e limpeza do bairro visando à conservação dos recursos naturais. Criada com o objetivo de apoiar atividades voltadas à melhoria da qualidade de vida da comunidade e à valorização das práticas tradicionais, a Associação de Moradores da Almada – AMA destaca-se pelo seu comprometimento com as questões culturais e ambientais. De forma voluntária, desenvolve ações contínuas de organização, manutenção e limpeza do bairro, contribuindo para a conservação dos recursos naturais e o fortalecimento do pertencimento local.

Saiba mais sobre a Associação Cunhambebe

A Associação Cunhambebe (ACIA), fundada em 1996, atua em pesquisa, promoção cultural, educação ambiental, saúde, turismo e desenvolvimento sustentável e conservação no litoral paulista e sul fluminense. Participa de conselhos e fóruns como o Comitê de Bacias Hidrográficas do Litoral Norte, Mosaico Bocaina, e a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, além de integrar o ReaLNorte e o Programa MaB-UNESCO. A ACIA desenvolve projetos em comunidades tradicionais, promovendo ecoturismo, educação ambiental e tecnologias de saneamento básico, com financiamento de instituições como FEHIDRO, Petrobras e Conservação Internacional. Iniciativas destacadas incluem “Caminhos da Sustentabilidade do Artesanato em Ubatuba”, “Implantação de esgotamento sanitário em Almada e Camburi”, e ações formativas como o WBio2022, um marco global para a biodiversidade. Sua atuação une preservação ambiental e desenvolvimento comunitário sustentável.

Por Vanessa Cancian

CBH-LN

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